O dia que cortei meu cabelo

"Eram dez da manhã. Acordei pensando se todas as fotos salvas no meu celular seriam o bastante para o cabeleireiro entender meu novo corte. Não tinha segredo, só um misto de medo, ansiedade, vontade...  Quando sai de casa me despedi do meu cachorro. Não voltaria a mesma, não queria que ele me reconhecesse – nem ninguém –. Eu sei, só estava indo cortar o cabelo, não faria uma plástica ou algo extraordinário, mas até ali, aquela era minha marca registrada.

Quando cortei o cabelo prometi para mim mesma que cortaria também toda incerteza que tinha no peito. A insegurança foi embora e tudo que ficou foi o sentimento de leveza e liberdade. Aquela doação me deixou muito mais feliz do que a pessoa que recebeu, certamente. No momento em que vi uma nova eu, me senti extraordinária.

Ás vezes, acho que meu maior medo não era cortar aqueles fios que me acompanharam por tanto tempo, e sim o que isso causaria nas pessoas. Pensava se meu namorado gostaria da garota nova que veria. Se meus amigos me elogiariam tanto quanto antes. Será que só combino com cabelo comprido? Gosto de uma frase que diz assim: "Você não precisar ser bonita como ela. Você pode ser bonita como você." Você pode ser tudo o que quiser. 

A aceitação ocorreu bem, se vocês querem saber. É bom ser vista com outros olhos. Talvez fosse isso que buscava quando senti a necessidade de mudar. Ser diferente e ainda continuar sendo eu. 

Agora enquanto o cabelo cresce novamente, espero o dia em que mudarei a minha e a vida de outra pessoa, outra vez. Sair da minha – maldita – zona de conforto e encontrar sempre á vontade de ser uma nova pessoa. Não ter medo de mudanças. Ser livre é ótimo, não deixe de fazer algo bom, por achar que está fazendo pouco. Seja você mesmo de quantas formas quiser."